domingo, 22 de agosto de 2010

Para uma ética política intercultural

MANCINI, Roberto et allii. Éticas da mundialidade. O nascimento de uma consciência planetária. São Paulo: Paulinas, 2000.

Lidiane Santos de Andrade, pós-graduanda do curso de Gestão Social de Pessoas da Faculdade Nobre. lidianeuefs@hotmail.com. Orientada pelo Prof. Humberto Luiz Lima de Oliveira.

Partindo de estudos realizados acerca da reformulação de uma política ética intercultural, o autor traz várias abordagens sobre as dinâmicas da política mundial. O texto estrutura-se em tópicos que facilitam o entendimento do tema proposto, onde o autor faz uma explanação acerca: da ideologia; do fundamento ético de uma consciência planetária; de critérios de tradução histórica; do projeto ao processo.

No primeiro tópico o autor trata da importância da interação entre a ordem das razões e a ordem das dinâmicas políticas, econômicas e sociais da nossa história. Focalizando desta forma, a interdependência entre teoria e práxis.

No entanto, muitos autores não são a favor do projeto de construção da nova ética mundial. Para eles, ela seria o correspondente moral da ideia de um só estado mundial. Entre o pensamento único e o particularismo das morais tradicionais, Mancini faz uma abordagem ao caminho aberto da convergência para uma ética política que oriente o agir dos governos, dos povos, dos grupos e indivíduos segundo um núcleo comum de critério e de valores. O autor ainda cita o estatuto da ética mundial, onde há um pensamento intercultural capaz de indicar fins e normas à política.

No segundo tópico, ele afirma que as culturas não poderão limitar-se apenas à defesa da sua identidade como se fosse uma realidade concluída e estática. É preciso que as culturas colaborem para modificar as coordenadas orientadoras, as ideias, as representações, as linguagens e os códigos jurídicos que abrangem e justificam a práxis citada.

Por isso, é necessário que antes se mude a mentalidade do homem contemporâneo para depois surgirem os comportamentos correspondentes e desejados. É desta forma, que teoria e práxis, cenários de sentido e processos político-sociais se condicionam reciprocamente.

Contudo, é preciso focalizar o papel específico de uma macro ética da humanidade no âmbito dos diversos fatores de tal transformação. Dentro desse contexto, há uma dificuldade muito evidente que é a inibição difusa da faculdade de projetar uma sociedade diferente daquela existente.

O horizonte universal de uma consciência política planetária não pode derivar da simples generalidade de conceitos, mas somente de um pensar nos limites daquilo pelo que se responde agindo.

No terceiro tópico, o autor trata da aceitação dos pontos de vista das diferentes tradições e visões do mundo. Ele diz que não se visa uma supercultura planetária que se sobreponha e anule as outras, mas aborda uma macro ética política da humanidade sem a renúncia das convicções que sentem como as suas raízes.

A transformação do agir político corrente no sentido da co-responsabilidade democrática para a história mundial é o único modo de salvar as identidades culturais. Dessa forma, a ética política intercultural deve desenvolver uma função crítica e reconstrutora, no sentido de deslegitimar as pretensões de uma economia absoluta e totalitária e considerar em primeiro lugar os direitos humanos em todas as latitudes.

No quarto tópico, é colocada a tradução da macro ética em diferentes níveis: cultural, econômico-social, política e existencial que são vistas primeiramente como um projeto e a convergência de diferentes projeções como um processo social e histórico. O autor enfatiza a importância de se abordar uma ética política da humanidade com uma intencionalidade global, de forma que a crítica da realidade existente assuma como critério a referência de uma possível forma ideal de convivência e acima de tudo o imperativo resgate dos sofredores.

É preciso considerar que o projeto vive realmente sozinho e se torna um processo de aprendizagem coletivo capaz de levar na vida dos povos e das instituições, o nascimento de uma consciência política planetária.

Trata-se de um texto que direciona a temática sem desviar seu foco, utilizando colocações a respeito de uma macro ética política abrangente e intercultural. O texto otimiza várias analises a cerca do tema, citando os prós e os contras de uma política planetária, levando em consideração as raízes e os princípios de cada indivíduo.

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