sábado, 25 de setembro de 2010

E se fosse proibido usar barba e bigode no trabalho?

Comentei no último post que ainda há redações de veículos de comunicação em que o uso de tatuagens ou de brincos por homens é proibido. Alguns leitores encaminharam mensagens me questionando. Afinal de contas, estamos em pleno século 21 e esse tipo de preconceito parece anacrônico demais até para nossa conservadora sociedade.

Como uma luva, caiu no meu colo a informação de que o juiz Guilherme Ludwig, da 7ª Vara do Trabalho de Salvador, condenou o Bradesco por discriminação estética – no caso, por proibir o uso de barba pelos seus empregados. A decisão atendeu a uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho. A empresa já entrou com recurso.

Confirmada a decisão, o banco terá que pagar uma indenização de R$ 100 mil por dano moral coletivo – o valor deve ir para o Fundo de Amparo do Trabalhador. De acordo com nota divulgada pelo Ministério Público do Trabalho ontem, a empresa também será obrigada a publicar durante dez dias seguidos no primeiro caderno dos jornais de maior circulação na Bahia e em todas as redes de televisão aberta, a seguinte mensagem:

“O BRADESCO S/A, em virtude de condenação imposta pela Vara do Trabalho de Salvador, conforme determinação contida em decisão prolatada em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho na Bahia, registra que a Constituição de 1988 refere que são direitos de todos os trabalhadores brasileiros a preservação de sua dignidade e proteção contra qualquer prática discriminatória, especialmente aquelas de cunho estético, cumprindo salientar ainda que o BRADESCO S/A, ao reconhecer a ilicitude do seu comportamento relativo à proibição de que seus trabalhadores do sexo masculino usassem barba, vem a público esclarecer que alterou o seu Manual de Pessoal para incluir expressamente tal possibilidade, porque entende que o direito à construção da imagem física é direito fundamental de todo trabalhador brasileiro.”

Nunca é demais lembrar que a Constituição proíbe preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

O caso parece apenas um fato pitoresco, mas não é. É claro que ninguém quer um cozinheiro com barba de estilo Karl Marx, Pai Mei ou Papai Noel soltando fios em cima da sopa que lhe será servida. Mas nesses casos, há regras de manuseio de alimentos que incluem toucas e afins. Além disso, nos casos em que barbas são proibidas (devido ao uso de máscaras pelos trabalhadores da indústria química, por exemplo), há a necessidade de garantir a segurança da própria pessoa.

Se a questão for puramente estética, não há justificativa. Não acha bonita uma frondosa barba? Então não a deixe crescer ou não se case com alguém que a use.


Fonte: www.blogdosakamoto.com.br

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


Olha só quem abrilhantou as nossas aulas de Projeto e TCC ???

A linda filha de Luana !!!

Aqui, a garotinha está à frente de sua mãe, Luana. Tbm destacamos nossas colegas Ana e Renata !!!

Mt legal !

Flashes do IV Módulo: Metodologia de Pesquisa


Vemos, aqui, Amanda, a prof. Iara, Cristina e Ana Patrícia(sentido horário) numa orientação sobre Projetos e TCC.


Vamos q vamos !!!


11 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cenários de Sentido: apontamentos para uma ética intercultural

Por Márcio Mascarenhas*

Dois autores (Boff, 2004, e Mancini, 2000) buscam demonstrar os cenários de sentido
por onde pode se erigir uma ética universal, planetária, uma “macroética”. O desafio assumido, de distintas perspectivas e abordagens, pode ser resumidos como a “compatibilização” entre as diversas culturas, as variadas nações e os mais diversos pontos de vista hoje conhecidos. Mais, ainda, partem da prerrogativa de negar, veementemente, as teorias, de um lado, da antropologia atomista e hiperrelativista, e, de outro, a do pensamento único e da globalização (ou da inevitabilidade do “fim da história”).

Eis, em suma, o maior de todos os obstáculos: a busca de uma “justa medida” ou de uma “práxis política” que relacione (de forma dinâmica, consistente e contínua), de um lado, as diversas culturas (singularidades), e de outro o Mundo, aqui entendido como “oikos”. E como relacionar, compatibilizar e articular distintos “universos simbólicos”? Boff trata da renúncia ao poder (absoluto, centralizado) que reduz tudo e todos a objetos como algo contrário ao “modo-de-ser-cuidado” (aquele que funda as relações com as coisas). A intervenção necessária, pois, passa não mais pelo estilo “modo-de-ser-trabalho”, mas por outras dimensões calcadas no desvelo, no zelo, na diligência, no fundamento para a compreensão do ser humano e da natureza.

Mancini move-se por 3 dimensões ou funções, a saber, i) dimensão dialógica: embora se reconheça que não haja uma teoria formada, assume-se a importância da pesquisa como instrumento de maior conhecimento dos povos; ii) função normativa: conhecer e reunir elementos para um núcleo de valores que permita, de um lado, pensar DEVERES à práxis (deontologia), e de outro, pensar FINS que orientem um agir coletivo (teleologia); iii) função orientadora e prepositiva: o fortalecimento, a defesa e a garantia de uma abordagem e de uma perspectiva de Direitos Humanos; iv) exercício da crítica: não adotar o chamado “mal necessário” em função de um bem superior, ainda que por razões “sociais” e “culturais”.

Mas, finalmente, o que poderia calçar e sustentar um ética intercultural, uma macroética universal? Inicialmente os autores nos dão uma pista: “a universalidade se funda na proximidade”. Por isso, para uma ética intercultural, legítima e praxiológica (mas não utilitarista), observa-se:

a) Identificar valores e critérios comuns, afinal, todos “cuidamos” e somos “cuidados”, isso nos torna “iguais” em humanidade, e em possível e necessária comunhão;

b) trata-se, finalmente, de construir um novo Pacto Social, uma nova Tradução Social e Cultural. De modo algum se pretende assumir uma ideia de tradução como como elisão de identidades, mas sim de assumir que não se pode aceitar identidades estáticas;

c) realizar uma “tradução política": recuperar a intencionalidade da ética, reclamando uma reaquisição de poderes que hoje está a cargo do mercado dito globalizado, o qual instrumentaliza a política como um mero instrumento passivo;

d) tradução existencial: saber e reconhecer que existem sim indivíduos (e cuidar para nunca os subsumir e diluir no “coletivo”) e que é para esses também que deve ser apresentado um horizonte de esperança, um espaço de comunhão, um algo a ser cuidado que se lhes seja: i) útil, ii) libertador e iii) desejado;

e) por fim, toda a possibilidade uma universalidade da ética deve se assentar numa Cultura de Paz e nos Direitos Humanos. Criando e cimentando um novo cenário de sentido, um novo horizonte de esperança, uma nova humanidade.

Cabe, aqui, verificar como, na prática ordinária das ações cotidianas, de povos e gestores, essa intencionalidade pode ser concretizada. Os dados estão lançados e a teoria já se encontra avançada.

Bibliografia

Boff, Leonardo.” VII Natureza do Cuidado”, in: SABER CUIDAR. Ética do Humano – compaixão pela terra. Petropólis. Editora Vozes, 2004.

Mancini, Roberto ET alii. “Para uma ética política intercultural”. Éticas da Mundialidade: o nascimento de uma consciência planetária. São Paulo. Ed. Paulinas, 2000.

Feira de Santana, 05 de julho de 2010.



* Márcio Mascarenhas – Antropólogo, Consultor e Pós-graduando em Gestão Social de Pessoas (FAN - Faculdade Nobre)